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Comissão de Ética e Direitos Humanos do CRESSRS discute “Gentrificação e Violência Institucional”

16/09/17 às 00:00

Gentrificação, do inglês “gentrification”, de acordo com Ruth Glass, socióloga inglesa e primeira a usar o termo, significa “tornar nobre”. A palavra foi criada em 1964 para explicar o fenômeno da construção de prédios na região central de Londres, enobrecendo áreas antes populares. A reestruturação do espaço acabou por expulsar os moradores locais, que já não podiam pagar pelo custo de vida dali. O professor Marcos Diligenti, do Programa de Pós Graduação em Serviço Social da PUCRS, explica que hoje esse conceito transcende a questão da moradia e aplica-se a toda forma de reorganização do espaço urbano. Segundo ele, o desafio é entender o território como uma construção e aceitar que “não temos um déficit de moradia, mas um déficit de cidade”.

 

 

Foi assim que começou a Roda de Conversa da Comissão de Ética e Direitos Humanos do CRESSRS, na tarde desta sexta-feira, 14 de setembro. Depois da contextualização do termo Gentrificação, foi fácil migrar para o segundo tema da roda: a violência institucional. A graduanda em Serviço Social e também coordenadora da Ocupação Mirabal e militante do MLB, Victória Chaves, denunciou a forma como o Estado administra a violência quando a patrulha Maria da Penha, que acolhe as mulheres em situação de vulnerabilidade da Ocupação de Mulheres Mirabal, é a mesma que despeja famílias da Lanceiros Negros Vivem!, ambas do centro de Porto Alegre. A insegurança da vida na ocupação afeta principalmente as crianças, que sentem a angústia das mães, fugitivas de seus agressores e da repressão do Estado. Nas narrativas de Victória, a perseguição e o medo são táticas para vender segurança. “Surpreende que a esquerda não tenha ainda uma narrativa de contraponto a essa ideia de que segurança é igual `a polícia”, declarou.

 

 

Ocupar é Resistir

 

Esse foi o ponto de partida para que o coordenador da Comissão, Giovane Scherer, pautasse os questionamentos: Como abrir caminhos para fazer resistência a um Estado truculento e conservador? Como conciliar a política institucional com os movimentos populares de luta e resistência? Como construir um caminho de paz em uma guerra declarada?

 

 

A professora Idília Fernandes, da FADERS, acredita que o CRESSRS tem feito um trabalho importante no sentido de unir a universidade e os movimentos para debater, especialmente em uma conjuntura tão adversa, onde o “debate deixou de ser contraditório para tornar-se ambivalente”. Segundo Ezequiel Morais, membro da Ocupação 20 de novembro, “o momento é de muita psicose” e o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLB) compreende que para o enfrentamento não há cartilha. “A formação só acontece a partir da vivência. Abrimos caminhos para a participação política, pelas instituições e pelos acordos coletivos, mas não abrimos mão da ação direta”, pontuou. O professor Marcos Diligenti concordou: “A escola do trabalhador é a luta”.

 

E quem disse que a luta não é pedagógica? Ezequiel, que chegou acompanhado da filha de 8 anos, disse que o foco do Movimento hoje são as crianças e é preciso lutar pelo direito e acesso à cidade das novas gerações. Com mais de vinte anos no movimento, ele diz ter vivido muita coisa no MNLB e não se permite descansar enquanto não tiver uma cidade mais humana para seus descendentes. Com um tanto de utopia e anarquismo em sua fala, concluiu:  “Estamos no limite da institucionalidade, não basta apenas reclamar, precisamos ser propositivos. O espaço do discurso está acabando. Penso que com tudo que aprendi, esse acúmulo não é meu. Eu já vi policial chorando no camburão em dia de despejo, então acredito que muita gente deixa o lado humano falar mais alto”.

 
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